terça-feira, 26 de abril de 2011

PERGUNTAS SEM RESPOSTAS



1. Quem dirige de fato o Egito, após a queda de Hosni Mubarak? Qual sua tendência política?
2. Quais os objetivos da rebelião líbia, além de derrubar a família Kaddafi?
3. De acordo com as informações divulgadas pelos meios de comunicação, a rebelião líbia é um movimento predominantemente civil. Fulano era professor, Sicrano era encanador, Beltrano era comerciante. Qual, portanto, o sentido das notícias a respeito de armar os rebeldes? Que é que um ex-comerciante vai fazer com um tanque? E o encanador, será capaz de pilotar um caça Tornado britânico? Ou será que os civis não são tão civis assim como a imprensa vem mostrando?
4. A imprensa divulgou como novidade o noticiário sobre a morte de civis em bombardeios da OTAN na Líbia, especialmente após a denúncia do núncio papal em Trípoli. Alguém acreditava, de verdade, que um bombardeio aéreo pouparia todos os civis? Mesmo que todos os cuidados sejam tomados, mesmo que a precisão das bombas e foguetes seja total, sempre há civis por perto. Ou no palácio de Kaddafi todo mundo seria militar, até mesmo as faxineiras?
5. Fukushima já emitiu alguns milhares de vezes o volume de radiatividade tolerável por seres humanos. Houve mortes causadas pela radiação? Há doenças graves já diagnosticadas? No longo prazo, quais os efeitos que o vazamento de Fukushima pode causar – se é que essa resposta existe?
São muitas perguntas, poucas respostas. Mas, quando houve a rebelião no Irã, sabia-se que seu inspirador era o aiatolá Khomeini, que liderava o clero muçulmano, e que havia também participação civil, embora minoritária (e que logo foi descartada). Quando o partido Ba’ath tomou o poder no Iraque e na Síria, sabia-se que o comando caberia a militares nacionalistas, inimigos tanto do Ocidente como dos religiosos muçulmanos. Quando houve o acidente na usina nuclear de Chernobyl, o governo fechou o cerco sobre as notícias e sabia-se que de lá só sairiam boatos, que eventualmente até poderiam ser verdadeiros, mas que seria impossível comprová-los ou não. E agora, quais as respostas?

O especialista e a História
Num desses programas em que especialistas bravos e de paletó apertado olham furiosos para os telespectadores, enquanto brandem suas verdades indiscutíveis, um professor criticou pesadamente o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, por decidir que o princípio constitucional da anualidade não permitia que a Lei da Ficha Limpa entrasse em vigor nas últimas eleições.
Perfeito, a opinião do ministro pode ser amplamente discutida (até porque há, na Constituição, outros dispositivos aplicáveis ao caso, e cada ministro teve também de verificar qual dispositivo, esses ou o da anualidade, seria mais adequado para o caso em julgamento). Mas a argumentação do mestre se baseou em dois pontos:
1. Se a lei tinha de ser aprovada no ano anterior às eleições, por que cinco ministros do Supremo votaram a favor de sua aplicação?
2. Como é que um ministro toma uma decisão sem levar em conta as exigências da opinião pública?
São argumentos que impressionam por sua fragilidade.
1. Cinco ministros votaram de uma maneira, seis votaram de outra. Seis é a maioria. O ministro Fux não decidiu a questão com seu voto: apenas integrou a maioria cujo ponto de vista foi vitorioso.
2. Há duas exigências da opinião pública a ser levadas em conta. Uma delas é a de quase dois milhões de pessoas que assinaram o projeto de iniciativa popular a esse respeito, enviado ao Congresso. A outra é de quem votou nos cavalheiros cuja posse havia sido vetada. No Pará, por exemplo, tanto o primeiro colocado quanto o segundo eram fichas-sujas (ambos, aliás, notórios), e receberam mais votos que seus adversários. E, se é para levar em conta a voz rouca das ruas, que se substituam os tribunais por institutos de pesquisa. pense nisso e não esqueça de ser feliz.

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