terça-feira, 17 de janeiro de 2012



A corrupção está incrustada na história do país desde os tempos do Brasil Império. De tão acostumados, nos tornamos tolerantes, políticos são flagrados e denunciados pela imprensa todos os dias e no dia seguinte escapam ilesos das penas cabíveis, falar mau da elite dominante virou coisa do dia a dia do #Sofátivismo (gente que tenta mudar o mundo sem levantar a bunda do sofá) e até chamamos suborno de mensalão.




Antes de continuar esse texto, vamos a uma breve explanação sobre um certo método Romano para engambelar o povo, muito parecido aliás com o que ocorre hoje no Brasil:



“Na Roma antiga, a escravidão na zona rural fez com que vários camponeses perdessem o emprego e migrassem. O crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando a política “panem et circenses”, a política do pão e circo. Este método era muito simples: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (trigo, pão). O objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia e se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em rebelar-se. Foram feitas tantas festas para manter a população sob controle, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.”



Esta situação ocorrida na Roma antiga é muito parecida com o Brasil atual. Aqui o crescimento urbano gerou, gera e continuará gerando problemas sociais. A quantidade de comunidades (também conhecidas como favelas) cresce desenfreadamente e a condição de vida da maioria da população é difícil. O nosso governo, tentando manter a população calma e evitar que as massas se rebelem criou o “Bolsa Família”, entre outras bolsas, que engambela os economicamente desfavorecidos e deixa todos que recebem o agrado muito felizes e agradecidos. O motivo de dar dinheiro ao povo é o mesmo dos imperadores ao darem pão aos romanos. Enquanto fazem maracutaias e pegam dinheiro público para si, distraem a população com mensalidades gratuitas.



Em meio à “mensalinhos, mensalões e valériodutos”, palavras que se popularizaram nos últimos dez anos, eis que surge a oportunidade da “engambelada máster” para os governantes.



Se fizéssemos uma pesquisa de opinião do povo brasileiro sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil, tenho certeza que a maior parte apoiaria esse grande acontecimento, mesmo sabendo que os bilhões que serão gastos fariam falta à educação, saúde, segurança, infra-estrutura, miséria e muito mais. E foi com essa mesma certeza que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em plena campanha para eleger o candidato que daria continuidade aos seus oito anos de mandato e garantiria a hegemonia de seu partido na politicagem federal, se empenhou na “mexida dos pauzinhos” garantindo para o Brasil não só a Copa 2014, mas também as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016.



Junte o maior evento esportivo do planeta organizado por uma entidade com um histórico de corrupção sombrio e um país do tamanho de um continente que tem poder e capacidade de primeiro mundo, mas com uma população que pensa como país de terceiro mundo e temos a combinação perfeita para o enriquecimento ilícito, o desvio de verbas e a previsão de grandes “elefantes brancos” a caminho.



Você que está lendo esse texto, por acaso sabe quanto vai ser gasto com as obras para a Copa 2014 no Brasil?



R$ 23,7 bilhões, esse é o valor do orçamento previsto para custear todas as obras necessárias para a Copa 2014.



Será que alguém parou pra pensar que com esse dinheiro, 460 mil casas populares poderiam ser construídas no Brasil?



Tão achando que é exagero? Olhem os números divulgados pela Revista Veja:



“No Maracanã (RJ) já foram gastos 26 milhões, de um total de 957 milhões; no Estádio Nacional de Brasília já investiram 45 milhões de um montante de 670 milhões; no Mineirão (MG) já se foram 86,6 milhões, com um custo de 666 milhões; no Castelão (Fortaleza) já foram gastos 80 milhões de uma previsão de 519 milhões; na Arena Amazônia (Manaus) já gastou-se 30 milhões de 499,5 milhões; na Arena Pantanal (Cuiabá), até agora foram gastos 48 milhões de 355 milhões; na Arena Pernambuco (PE), de 532 milhões foram investidos 60 milhões; no Beira Rio (RS), foram gastos 30 milhões de 290 milhões; na Fonte Nove (BA) já foram gastos 99.9 milhões, de um total de 592 milhões; no Estádio do Corinthians (SP), serão gastos 1 bilhão de reis e nada foi feito; na Arena das dunas (RN), nada ainda foi investido, de um custo de 400 milhões.”



Os números acima citados são apenas previsões iniciais, orçamentos feitos para obras que deveriam ter sido iniciadas dois anos atrás. Como não foram todas elas poderão custar muito mais que os R$ 23,7 Bilhões inicialmente previstos. Se tomarmos como exemplo as obras do Pan-americano de 2007, no Rio, onde foram gastos, só em obras, 4 bilhões de reais (dez vezes a previsão oficial) podemos prever que o total das obras para a Copa 2014 mais obras e contratos emergenciais poderão custar ao bolso do contribuinte a pequena bagatela de até R$ 230 Bilhões (não duvidem da capacidade dos deputados, senadores, vereadores e donos de construtoras).



A grande verdade é que ninguém pode afirmar com certeza quanto irá custar essa farra política da Copa do Mundo. Outra coisa que ninguém consegue imaginar é o que será feito ou que uso será dado aos estádios que estão sendo construídos na região norte e nordeste com capacidade de público para mais de 40 mil pessoas onde um clássico do campeonato estadual não consegue reunir 1.000 pagantes por jogo (elefante branco à vista).



Nossos governantes deveriam se envergonhar quando anunciam os gastos fabulosos e humilhantes de uma Copa do Mundo, que em nada vão acrescentar de útil para um povo que não tem atendimento médico, nem educação (somos o 53° no mundo) e sem segurança (enquanto escrevia esse post, só em São Paulo, 35 pessoas foram assaltadas). Como demonstrei anteriormente, R$ 23,7 Bilhões poderiam ser usados para construção de 460 mil casas populares de médio porte. Este mesmo valor bancaria a compra de 1 milhão de viaturas para investir na melhoria da segurança pública. Esse mesmo valor bancaria a construção de 18 mil novas unidades de educação infantil em qualquer lugar do Brasil (baseado em cálculos de investimento do PAC II).

Mais de 95 campus iguais ao que será construído para a UNILA poderiam ser construídos com o investimento da Copa.



Você que leu o texto até esse parágrafo deve estar pensando “Mas a Copa vai trazer dinheiro dos gringos pro Brasil, vai gerar empregos etc.. etc..”. Sim, até certo ponto é verdade. Em recente pesquisa divulgada pela consultoria Ernest &Young, a Copa do Mundo de 2014 vai gerar uma receita de R$ 142 bilhões adicionais para a economia brasileira. A conclusão de estudo elaborado pela Ernest &Young prevê também a geração de 3,63 milhões de empregos.



Os números são bonitos, mas acontece que, R$ 23 bilhões estão saindo dos cofres públicos e R$ 142 bilhões não estão voltando paras os cofres públicos estão indo para os cofres da iniciativa privada. Estão transformando dinheiro público que deveria ser investido na melhoria da situação do povo e na erradicação da pobreza do país em dinheiro que vai diretamente para grandes investidores, donos de redes de hotéis e etc. Quanto à geração de empregos, os números também são bonitos, porem, ouvindo a Radio CBN via @cbnfoz hoje pela manhã recebi a noticia que nos cinco primeiros meses do governo Dilma, 1,2 milhões de empregos com carteira assinada foram gerados no país. Alguém aqui acha mesmo que precisamos da Copa para gerar 3,6 milhões de empregos? Quantos empregos seriam gerados com a construção de 460 mil casas populares, ou com a construção de 95 campus de faculdades?

Definitivamente, o Brasil não precisa de uma Copa do Mundo. Quem precisa de uma Copa é a FIFA, são os políticos corruptos e a população cega que os elege em troca de pão e circo.


NÃO ESQUEÇA DE SER FELIZ!!!


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